Um dos objetivos do Pelicano é passar aos alunos as muitas oportunidades que surgirão em suas vidas por terem cursado a EFOMM. Nesta edição mostraremos como um pouco de esforço e dedicação podem levar um mercante bem longe. Entrevistamos o ex-aluno Braulio Almeida Diniz, que vai nos contar um pouco sobre a viagem que realizou no Navio Escola Brasil junto com os Guardas-Marinha da Escola Naval, a famosa Viagem de Ouro.
por Adapt. Al. Túlio
Com quantos anos você se formou?
Formei-me na EFOMM no ano de 2006, com 21 anos de idade.
Para que possamos nos localizar, você terminou o terceiro ano e fez a praticagem antes ou depois da viagem de ouro?
A viagem aconteceu depois do término da minha praticagem. Como eu já exercia a função de Oficial de Máquinas na Maersk, a empresa concedeu uma licença para que eu pudesse participar da viagem.
Como você reagiu quando soube que teria a oportunidade de participar da viagem de ouro?
Foi uma grande surpresa para mim receber tal convite do CIAGA, principalmente pelo fato de a viagem normalmente ser realizada pelo primeiro colocado da turma, pois fui o quinto colocado. Contudo os alunos com classificação acima da minha não puderam ou não tiveram interesse em participar.
Como você se sentiu quando o Navio Escola Brasil levantou o ferro?
Sabia que grandes oportunidades estavam por vir, como, por exemplo, conhecer lugares e pessoas novas. Contudo é sempre de grande apreensão o momento em que se decide abdicar por alguns meses de tudo aquilo com que estamos acostumados, como o convívio daqueles que gostamos e a rotina a qual já estamos adaptados. Creio que grande parte dos que estarão lendo este texto poderão passar por isso ao deixarem a escola e se lançarem aos mares.
Quanto tempo durou a viagem e quais foram os países visitados?
A viagem teve uma duração exata de 6 meses e os locais visitados foram: Fortaleza-CE, Portugal, Inglaterra, Espanha, França, Itália, Grécia, Egito, Índia, Singapura, China, Coréia do Sul, Japão, Havaí (EUA), Los Angeles (EUA), México, Colômbia e por fim Salvador. A estadia em cada porto variava de 3 a 7 dias.
Pode nos falar um pouco dos países que mais lhe chamaram a atenção?
De um modo geral, todos possuem características bem particulares e interessantes. Poderia destacar as riquezas culturais dos países europeus como Inglaterra e França, o elevadíssimo nível de organização social dos asiáticos como Singapura e Japão, o modo de vida norte americano com seus carrões e fast-food em cada esquina (exatamente como vemos em filmes e seriados de TV) e por fim as incríveis belezas naturais do Mar do Caribe, do qual a Colômbia também faz parte.
Como foi a convivência com os Guardas-Marinha da Escola Naval?
A convivência com os Guardas-Marinha foi a melhor possível e posso afirmar que essa “suposta rivalidade” que muitos pregam não se fez presente em nenhum momento. Pude conviver diretamente com muitos deles não só no navio, mas também durante os passeios e atividades nos portos. Mesmo com o término da viagem ainda tenho contato com alguns e, sem dúvida, essa convivência foi mais um aspecto positivo da viagem.
No Navio Escola Brasil durante a viagem você participou de alguma manobra na praça de máquinas?
Minha rotina no navio era a mesma dos Guardas-Marinha. Participava das aulas e instruções junto com eles, porém era liberado de algumas. Pude sim participar também de atividades na máquina, pois devido a minha formação, acompanhava o serviço junto ao pessoal da máquina. Estive presente em atracações/desatracações e também em alguns reparos e manutenções.
Você teve que abdicar muito da sua vida particular para chegar aonde chegou?
Não colocaria as coisas desta forma. Qualquer coisa que se deseje atingir na vida requer disciplina e dedicação, e comigo não foi diferente.
Para os alunos da EFOMM que ainda tem a chance de participar dessa viagem qual mensagem você deixaria?
Que, dentro das possibilidades de cada um, levem a escola a sério e busquem sempre fazer aquilo que se espera de vocês da melhor forma possível.
A respeito do nome da viagem, condiz com o dinheiro ganho ou com a experiência vivida?
Não só uma experiência de vida de valor quase incalculável, mas que também financeiramente correspondeu bem as minhas expectativas. Sem entrar em valores poderia dizer que o dinheiro da viagem foi suficiente para cobrir todas as despesas que tive durante a mesma com passeios, hotéis, compras, etc., restando ainda ao fim da viagem uma quantia superior ao valor que teria recebido caso tivesse permanecido trabalhando no Brasil.
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