Ocorreu no sábado dia 12 de setembro de 2009 o almoço alusivo aos 100 últimos dias dos Alunos do 3° ano na EFOMM. O evento contou com a presença do Sr. Comandante do CIAGA bem como de Oficiais da OM.
Os familiares dos alunos tiveram a oportunidade de visitar diversas instalações do CIAGA, seguindo para a recepção no ginásio.
A abertura do evento foi anunciada pelo Comandante Câmara Leão e todos puderam prestigiar o almoço ao som de uma banda com repetório variado.
O Comandante Aluno Domingos fez um discurso sobre a história da turma e comentou as expectativas para o futuro. Também fez uso da palavra o Capitão Tenente Godoy, Paraninfo da turma. Em suas palavras destacou a evolução da turma no decorrer destes 3 anos, que a acompanhou. O Exm° Sr. Almirante fez referência à passagem da turma pela Escola, desejando sucesso.
Ao término do almoço, todos seguiram para a área da piscina onde houve apresentação do Grêmio de Música da EFOMM.
Encerrando a apresentação e o almoço, todos se juntaram para cantar a música tema da turma: Pescador de Ilusões.
Discurso do CT Godoy, Paraninfo geral da turma:
Há 985 dias, um grupo de jovens de diversas origens cruzou a Sala de Estado do CIAGA e iniciaram um período de adaptação. Período este cujo objetivo foi o de prepará-los para os 3 anos de curso que teriam pela frente. Todos estavam acostumados às comodidades e à segurança dos seus lares, aos cuidados dos seus pais e não tinham idéia de como isso é valioso. E, de repente, usando um termo que julgo bem adequado, esse grupo enfrentou um “choque de gestão”, choque este que perdurou por 3 longas semanas de um belo e interminável verão de janeiro. Essa alteração radical de hábitos teve um propósito. O de criar nesse grupo de jovens um espírito de turma, um sentimento tão importante que mostrou-lhes que todos estavam no mesmo barco. E isso pôde-se confirmar a cada dia que se seguiu até aqui.
Após efetivarem suas matrículas, talvez não tivessem percebido mas todos vocês estavam embarcando em um navio, um navio chamado EFOMM. Saíram de seus lares, subiram com suas malas as escadas de portaló e começaram a conhecer seu futuro ambiente de trabalho. Durante esses 32 meses, nas salas de aula, nos laboratórios e simuladores deste Centro, vocês foram recebendo conhecimentos técnicos necessárias para se tornarem bons pilotos e bons maquinistas. Foram apresentados à equipamentos, dispositivos e ferramentas que poucos conhecem e descobriram que nem sempre o caminho mais curto entre dois pontos é uma reta. Contudo, para uma profissão tão peculiar, não bastam apenas os conhecimentos técnicos para que vocês se tornem bons tripulantes, bons oficiais. Durante todo esse período em regime de internato, tentamos passar-lhes lições de ética, responsabilidade, comprometimento, companheirismo e moral para prepará-los para lidarem e liderarem grupos de pessoas com as quais vocês terão que conviver, muitas vezes, tanto ou mais que com suas próprias famílias.
Hoje, o CIAGA dá a oportunidade de realizarmos essa confraternização onde os alunos podem receber a bordo do seu navio, alguns dos familiares que os acompanharam nesse tempo. A esses familiares que estão presentes e aos ausentes que também fazem ou fizeram parte dessa caminhada, dou os parabéns. Rui Barbosa, no início do século passado já dizia: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Percebemos que essas inversões de valores na nossa sociedade já são de longa data e, como pai, sei o grande desafio que é criar e encaminhar para o bem um filho nos dias atuais. E vocês venceram esse desafio pois seus filhos e filhas abraçaram uma carreira muito honrosa e promissora. Mais que isso, eles aprenderam a caminhar com suas próprias pernas. E se chegaram até aqui, é porque fizeram as opções certas pelo caminho.
Alunos do terceiro ano, mais um pouco e vocês estarão se formando. Usando mais uma metáfora, seus navios estarão zarpando e, ironicamente, zarpando de um porto seguro. O preparar para o suspender já deve estar sendo providenciado. A amarração está sendo singelada, o radar já está funcionando, o MCP está sendo balanceado, mais um MCA foi posto no barramento, as cartas até a saída da barra já estão abertas na mesa de navegação, a garrafa de ar comprimido já foi drenada, o cabrestante já foi testado e o ferro de fundeio já foi preparado.
Contudo, o navio ainda não suspendeu. Nem o prático e nem os rebocadores chegaram. Vocês ainda estão atracados no porto seguro. Assim, aproveitem para se prepararem melhor para o mar aberto. Com ele não se brinca. Como disse sabiamente Hélio, conhecido como vagabundo, amigo de Amir Klink “Faça tudo, busque o impossível. Mas, meu amigo, respeite o mar. O sábio marinheiro sabe que ele jamais venceu uma tormenta. Apenas e tão somente apenas, foi o mar que deixou ele passar.” Por isso, façam suas últimas verificações. Consultem seus professores, instrutores, comandantes de companhia.
Aos futuros maquinistas, drenem mais uma vez o tanque de serviço, verifiquem se os compressores estão prontos para entrar, se o nível da caldeira de recuperação esta normal e se o ar para o apito está comunicado. Aos futuros pilotos, chequem os últimos boletins meteorológicos, verifiquem se a giro está sem desvios, se a navegação indexada do canal e os possíveis pontos de fundeio estão bem marcados. Aos familiares e entes queridos, preparem seus lenços para as lágrimas das partidas e das chegadas. E, caso os e-mails, blogs ou orkuts dêem problema, comprem envelopes e papéis de carta pois estas podem demorar mas sempre funcionam.
Como disse Henfil “Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente”. Espero, do fundo do coração, que daqui a 93 dias, todos vocês possam dizer: “Valeu a pena”. Obrigado.
por Als. Bianca Barbosa e Almeida
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