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    Adaptação 2010, EFOMM, Período de Adaptação » quarta-feira, 27 de janeiro de 2010 »
    A visão do Candidato Aluno sobre a adaptação

    Candidata Aluna – Coral

    “Vá a luta!” Quem nunca ouviu tal frase? Geralmente é a partir dela que inúmeras pessoas começam a planejar objetivos. Gastamos muito tempo pensando e nos preocupando demasiadamente com o futuro, afinal não é uma decisão fácil. Em 2009 escolhi a minha. Almejo tornar-me uma Mercante, e a única forma de realizar esse sonho é sendo aluna da EFOMM.

    Passada toda a preocupação e o nervosismo das provas chega, talvez, a etapa mais complicada, o período de adaptação. É uma fase indefinida, simplesmente uma incógnita. Na chegada pude notar no espelho minha feição confusa, não sabia como reagir, como me portar, ou até mesmo o que esperar. Reparei também que não era a única dessa forma. Fomos divididos por camarotes, quatro em cada quarto. Uma situação um pouco desconfortável, e precisei me acostumar rápido com essa nova realidade. Após acordarmos fomos encaminhados ao auditório.

    Ao chegarmos, conhecemos nossos veteranos adaptadores, uma experiência um tanto quanto barulhenta. Pessoas gritando e mandando em você não é necessariamente a recepção esperada. Aqui é preciso ter um psicológico forte e controlado, saber a hora de desabafar. O choro tem que ser igual a um remédio, devemos engolir de uma vez para não botar pra fora. A rotina é muito longa e cansativa, dormimos pouco e fazemos bastantes exercícios.

    Apesar do dia-a-dia corrido e desgastante não me arrependo de estar aqui, mesmo com dor e sono a experiência vale a pena. Tenho certeza que o retorno será recompensador e os amigos que fiz aqui serão de longa data. Não há como descrever inteiramente essa experiência, e nem gostaria. Deixo apenas um convite para quem ficou curioso e uma frase que ouvimos muito durante o dia: “QUANDO O CORPO NÃO AGUENTA O MORAL É QUE SUSTENTA”.

    Candidata Aluna – Fernanda Veppo

    Se eu pudesse mandar um recado pra todos aqueles que um dia vão passar pelo o que estou passando agora aqui na adaptação, eu diria: “Apague da sua cabeça tudo o que você já ouviu falar sobre a adaptação. Estar aqui é uma experiência única, impossível de explicar para aquele que nunca passou por isso.”
    Aqui os dias são muito longos. É fácil se sentir sugado e cansando, sendo nossa vontade de estar aqui, posta a prova constantemente. Como eu, todos querem mostrar que desejam e MERECEM estar aqui.
    A rotina é puxada, os exercícios físicos aparecem por aqui até como forma de pagamento mas nada se compara à pressão psicológica que sofremos e a relação de alegria e dor (mais dor, eu diria) com os adaptadores.

    Os adaptadores são tudo na sua adaptação. Cumprindo ordens de superiores, eles são os responsáveis por nos fazer esquecer a vida civil e ingressar na dura rotina militar. A relação é difícil, afinal, eles é que nos mostram o pior que a vida militar pode nos oferecer. Mas, entre um grito e outro, é possível perceber que eles são gente como a gente, e já passaram pelas mesmas situações que passamos agora.

    As vezes até surge um momento de liberdade e descontração entre os candidatos e os adaptadores, mas eles nunca nos deixam esquecer qual é o objetivo principal para que eles permaneçam na adaptação.
    Quanto a relação dos candidatos entre si, bom, essa precisa ser boa, visto que todos estão dividindo as mesmas dores e sofrimentos. É a saudade das nossas famílias, do nosso lar, da nossa vida antiga, fosse ela boa ou ruim.

    No mais, a adaptação é também uma questão de superação, de provar a si mesmo que sempre podemos mais e que a vontade sincera de realizar algo, estar em algum lugar, supera qualquer obstáculo.

    Bônus:
    Existem dois tipos de adaptadores que podemos encontrar:
    – Durões-solicitos – Eles cobram, chamam a atenção, mas se mostram dispostos a ajudar.
    – Durões-engraçados – Quase como os durões-solicitos, mas estes gostam de fazer algumas piadas (mas não se engane, candidato!, retribuir a brincadeira só com autorização e muito respeito!)

    Candidato Aluno – Igor

    Tradicionalmente, o militarismo é associado a uma doutrina conservadora e imutável, mormente no meio civil. No entanto, contrariando esse preconceito, na EFOMM, a instrução cívico-militar é ministrada de forma que cada exercício traduza a exigência de uma qualidade pessoal que será, posteriormente, demandada no ambiente de trabalho e convivência, de modo geral, do cidadão. É baseado nesse processo de formação que se desenvolvem as atividades do cotidiano no período de adaptação da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante.

    Durante o processo de instrução, os alunos-adaptadores transitam entre a rigidez impessoal, enquanto da realização da Ordem Unida, e uma notável preocupação com o bem-estar físico e psicológico dos candidatos, nos outros momentos. A tal rigidez impessoal, em primeiro plano, antecipa aos adaptandos a rotina numa instituição militar, o que constitui o mais pragmático dos objetivos. Em segundo plano, ajuda a tornar, por serem impessoais, as relações entre adaptadores e candidatos mais respeitosos, como um todo, nos momentos de descontração.

    Assim, no início, enquanto ainda não se pode conhecer o sistema integralmente, há certa estranheza dos candidatos a alunos quanto ao comprometimento das atividades cívico-militares. Todavia, com as primeiras demonstrações do lado instintivamente humano e altruísta dos adaptadores, os candidatos logo desprezam a visão preconceituosa e passam a perceber a rápida evolução de si como pessoas que podem viver em sociedade e devem ser resistentes a eventuais injustiças a que estarão sujeitas enquanto não ocupem cargos de liderança. Desse modo, qualquer rigidez observada é garantidamente apenas uma simulação branda daquilo com que os adaptandos terão de lidar de forma responsável quando tiverem suas profissões.

    Na rotina de adaptação, contudo, não há só seriedade e instrução. Há, diariamente, momentos de descontração e conversação, que procuram relaxar os candidatos, mostrar os alunos-orientadores como pessoas de mente aberta, e esclarecer o motivo de ser de cada fase do período de transição, para maximizar o aproveitamento e a motivação dos futuros alunos.
    No campo da intersubjetividade, quanto ao comportamento incentivado nas relações entre candidatos, destaca-se um:

    Todos são motivados a não toldar suas próprias más atitudes, sob pena de prejudicar os “inocentes”. Dessa maneira, vai incutindo-se uma capacidade de autocrítica, senso de grupo e capacidade de seleção de companheiros para o desempenho das atividades rotineiras.
    Comportamento, embasamento ideológico, instruções, …

    A vida a bordo, no entanto, não se resume só a discussões. De fato, há muitas atividades físicas, que visam à melhora rápida do condicionamento dos candidatos. Concomitantemente, proporciona prazer aos praticantes, que passam a conhecer novas modalidades esportivas (em muitos casos, encantando-se com elas), como a vela e o remo, que geralmente só contemplam as classes altas da sociedade civil. Há, também, prática da natação e de corrida.

    Não se restringindo esportes, o lazer vai além. Houve, inclusive, visitação a um navio de grande porte, por meio de lancha, onde se conheceram vários aparatos da embarcação, ajudando os alunos a compreender o ofício do mercante. As palestras, por sua vez, cumprem seu papel na orientação dos adaptandos, sendo numerosas e tratando de assuntos variados referentes à Marinha Mercante e ao mercado de trabalho.
    Concernindo à saúde e às necessidades básicas dos candidatos, todos recebem ótimo tratamento. A alimentação é de boa qualidade e dá-se em várias horas do dia: desjejum, café da manhã, almoço, jantar e ceia. Tudo bem planejado, durante as atividades de instrução militar, a condição fisiológica da companhia é constantemente inspecionada, sendo distribuídos sucos, água e frutas para hidratação e reposição de sais minerais.

    Com tudo que foi apresentado, basta que os responsáveis fiquem tranqüilos quanto à estada de se seus entes queridos durante a adaptação no CIAGA. Ao contrário da expectativa que o instinto materno, paterno ou fraterno possa criar de receio, o reencontro das famílias gerará, certamente, uma surpresa positiva. Os candidatos serão, às vésperas do dia 30, alunos, mais que nunca. Mercantes, mais que nunca.

    Comentários

    1. denise disse:

      CORAL E FERNANDA, QUE A PAZ DO SENHOR JESUS ESTEJA SEMPRE COM VOCÊS, PARABÉNS PELO ESFORÇO, E DE ANTEMÃO PELAS VITÓRIAS, MAS: “QUANDO O CORPO NÃO AGUENTA O MORAL É QUE SUSTENTA”, É COMPLICADO QUANDO ATÉ O MORAL JA FOI BAIXADO. NO ENTANTO VOCÊS QUE ESTÃO ENFRENTANDO E VENCENDO O QUE SUSTENTA É O AMOR E RESPEITO PELA INSTITUIÇAO QUE ESCOLHERAM E PELAS SUAS FAMÍLIAS. VOCÊS TENHAM A CERTEZA QUE NÃO SÓ DEIXARÃO DE SER CANDIDATAS A ALUNAS COMO CONQUISTARAM MUITO MAIS DO QUE IMAGINAM.

    2. Luiz Alberto disse:

      Parabenizo a voces candidatos por entenderem e se comprometerem tão rapido a mudança da vida civil pela vida na caserna. Muitos querem mais não podem, muitos podem mais não querem, voces que querem e podem deem graças à Deus.

    3. lúcia disse:

      Gostaria de parabenizar ao candidato-aluno IGOR, por seu brilhante e esclarecedor depoimento.Assim como, as candidatas FERNANDA e CORAL. E´ emocionante ver jovens cidadãos como vocês, vitoriosos!!!! Estão chegando ao final desta dura jornada, demonstrando muita garra e determinação…….
      Meus PARABÉNS, sem exceção, a todos vocês candidatos-alunos !!!!!!!!!!!! DEUS ilumine e abençoe seus caminhos!!!!!!!!

      Agradecimentos nunca poderão faltar ao “Jornal Pelicano” e a todos os adaptadores!!!!! E VIVA A EFOMM!!!!!
       

    4. JOSIANE ALVES disse:

      Parabenizo aos jovens pela determinacao, forca, garra e superacao. Me emocionei com seus depoimentos. Vizualizei em suas palavras o meu filho. Foi maravilhoso recebe-lo no final de semana e poder ouvir dele proprio o q vcs estao relatando. Q apesar da rotina dura, totalmente diferente da civil, a qual ja estavam acostumados, ele estava decidido e principalmente “Feliz” por fazer parte do quadro de candidato – aluno. A todos meus parabens e votos de muitas felicidades, positividade, uniao e sucesso. Ja sao vitoriosos!!!! Agradeco ao Jornal Pelicano por ser um balsamo para nossa imensa saudade e a todos adaptadores e envolvidos nesta empreitada. A todos os pais um fraterno abraco. Estamos unidos pela mesma emocao. Deus abencoe, proteja e ilumine cada um.

    5. Calebe disse:

      Mesmo com toda a suga… mesmo com toda a gritaria… vocês vão sentir saudades dessa época, e, num futuro não tão distante, perceber que eram felizes e não sabiam 😉

    6. Adapt. Al. Leandro disse:

      Muito bom os 3 textos, Bravo Zulu!

    7. Fábio Pinto disse:

      Minhas mais profundas felicitações a todos os alunos que superaram, com muita perseverança e determinação, esta fase dificílima de adaptação a uma escola militar. Todos vocês que aí permaneceram já demonstraram, de pronto, várias virtudes que certamente serão mais lapidadas pela EFOMM durante o transcurso dos anos, tais como: rápida adptação a situações novas impostas, inteligência, grandiosidade da alma, preparo físico e mental, força, espírito de equipe e, além de tudo, “muita garra!”

      Não poderia deixar de citar a administração da Escola e os adaptadores, grandes responsáveis pela transmissão da “vibração” pela carreira, sem os quais nada disso seria possível. Meu abraço especial ao meu filho Igor, do qual me orgulho imensamente e que só me tem proporcionado alegrias. Que Deus ilumine a todos !

    8. Daniel Magalhães disse:

      Boa tarde. Sou leitor assíduo desde o dia que minha filha alunoa da turma Delta ingressou nessa instituição. Por motivo de comprissos particulares não pude comparecer a solenidade de entregas das platinas dia 30pp. Mas fiz-representar pela e mãe e o irmão dela. Solenidade muito bonita, como de maneira geral são as solenidades militares. Porem, numa sequencia de fotos, reparei algumas que se tornaram de extremo mau gosto tanto de quem ordenou e de quem autorizou a sua postagem. Refiro-me ao alunos já com suas platinas, uniforme branco, impecavelmente limpos e passados, em posição de pagar flexão de braços. Como se estivessem pagando um castigo, pois é assim que normalmente se manda um militar pagar um castigo. A finalidade dessa solenidade, era social, os alunos receberem seus familiares para testemunharem uma grande conquista em sua vida. E não uma apresentação de TFM, portanto acho que tal atitude não caberia naquele momento. Acredito que para oa alunos, se submeterem naquele momento a pagar flexão de braços, vestidos como estavam na presença de seus familiares, foi no mínimo vexatório. Com isso, peço que tais atitudes possam revistas num futuro próximo, e as apresenatações de TFM, serem apresentadas em ocasião propícia.

    9. Georgia Witalla Barbosa de Menezes disse:

      Muito bom! é um prazer ler cada texto escrito por vocês adaptadores… continuem firme, nao desistam!Através destes artigos pessoas que sonham em um dia estarem tbm fazendo parte da Marinha, vão se sentir ainda mais dispostos a seguir em frente!

    10. Adapt. Al. Souza Mattos disse:

      Os alunos que fizeram a flexão caro Daniel Magalhães, não foram do primeiro ano e sim os adaptadores. Como forma de respeito e alegria em vê os candidatos transformados em feras. Além do que as flexões foram pagas por livre espontânea vontade, nada daquilo foi obrigado, nem foi com caracter de punição.

    11. Daniel Magalhães disse:

      Agradeço a publicação da minha crítica e as explicações endereçadas a mim pelo Adap. Al. Souza Mattos, e esta apagará a má impressão (momentânea) que tive dos editores e moderadores desse jornal, inclusive relatei isso em uma outra mensagem enviada ontem dia 03/02 no final do dia. Diante do exposto, peço até que a mensagem anterior reclamando da não publicação da crítica aos alunos pagando flexão de braços, seja dado última forma em sua publicação.
      Minha filha irá passar os próximos 4 anos em um convívio direto com essa instituição, e um convívio harmonioso sempre será salutar.

      Cordiais saudações

    12. Silvana Melo disse:

      Coral, parabens pelo texto, muito bom, mesmo longe estou aqui na torcida por essa nova etapa da sua vida, o q posso fazer aqui de longe e pedir a Deus que esteja sempre iluminando cada segundo da sua vida! Tia Silvana.

    13. Nívia Duarte disse:

      “BOM,MUITO BOM!!!” Estou emocionada com os três textos, principalmente com o da aluna Fernanda Veppo com quem tive o privilégio de conviver na turma Charlie e o da aluna Coral com quem dividi um quarto. Eu quero parabenizar a todos pela vitória da entrega das platinas. E não foi uma vitória só dos candidatos alunos não, uma vitória dos adaptadores também e de todos que estão nos bastidores, todos que estão trabalhando juntos por uma única causa. Eu não sei se as alunas Coral e Fernanda Veppo lembram de mim, mas eu quero dizer que o que eu vivi aí,mesmo que apenas por uma semana, eu vou levar pro resto da minha vida, foi uma experiência muito importante pra mim e não me arrependo de nada. Eu quero agradecer a todos por me proporcionarem esses momentos, principalmente ao comandande aluno Agnaldo, aos meus campanhas da turma Charlie e meus queridos veteranos adaptadores Farsura, Victor Santos,Newton e Tatiana, que me ajudaram e me ensinaram valores que levarei pro resto da minha vida. Como disse o veterano adaptador aluno Leandro, “Bravo Zulu” para todos vocês. Se eu pudesse ficaria aqui agradecendo a todos,mas como é inviável mencionar o nome de todos, quero que sintam-se honrados. Todos terão um futuro brilhante!!! Parabéns!!!

    14. Coral disse:

      Nívea, é claro que eu lembro de vc!!! Cama 02 mesmo quarto que o meu! Fiquei muito triste quando saoube que vc tinha saído!! Você faz falta. Mesmo ficando pouco tempo juntas posso afirmar que sinto saudades e que adorei te conhecer!!!
      BEIJOOOOOOOOS