O som, ao se propagar na água, atinge distâncias consideravelmente maiores que a luz. Não por acaso, baleias e outros mamíferos marinhos, peixes e até alguns invertebrados dependem das ondas sonoras para diferentes propósitos de sua sobrevivência, como encontrar comida, evitar predadores, comunicação com sua espécie, perceber o meio e até se reproduzir. Mas as ondas emitidas por eles dividem espaço com sons produzidos pelo homem, como o barulho de navios e as ondas utilizadas na localização de petróleo no solo oceânico. “Para alguns desses animais, é como se vivessem em cidades”, compara o cientista marinho Brandon Southall, ex-diretor do programa de acústica oceânica do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration).
“Se você parar com o seu navio no mar, introduzir a extremidade de um tubo na água e colocar o seu ouvido na outra extremidade do tubo, você ouvirá navios a grande distância de você” – Leonardo Da Vinci, em 1490, sobre a acústica submarina.
Atualmente, sabe-se que apenas o estouro de bolhas que os propulsores de um navio de carga provocam na água geram ruídos de 150 a 195 decibéis – para se ter uma ideia, uma britadeira emite 120 decibéis.
E se forem considerados os 100 mil cargueiros que atravessam os mares durante um ano?
Mas os ruídos, que cresceram em 100 vezes desde 1960 devido à intensificação do tráfego marítimo, vêm se agravando em função de outros fatores, como a emissão de poluentes causadores do efeito estufa na atmosfera. Esses gases levam a mudanças na composição química dos mares, aumentando sua acidez e interferindo nos índices de absorção de sons; se o lançamento desses poluentes não for reduzido, estima-se que em 2050 o barulho dos navios chegue a distâncias 70% maiores.
A ONU propõe, através do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), a utilização de motores mais silenciosos e alarmes menos danosos nas embarcações, além de medidas mais severas quanto à realização de testes sísmicos para a prospecção de petróleo e gás.
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