• Fotos
  • TV!
  • Links
  • Projeto Memória
  • Sobre o Jornal Pelicano
  • Processo Seletivo EFOMM 2014

  • 4345
    EFOMM » domingo, 5 de julho de 2009 »
    Sétimo dia (parte 2) – 3 navios, várias culturas, várias nacionalidades

    Lorenzeto, o Chefe e Túlio no AMALTHIA

    Lorenzeto, o Chefe e Túlio no AMALTHIA

    Após o almoço tivemos a oportunidade de visitar outros navios que estavam atracados conosco. O primeiro foi o navio AMALTHIA, com bandeira das Ilhas Marshall. O navio é praticamente recém-nascido com menos de dois anos de construção. Sua tripulação inclui três brasileiros, mas é composta essencialmente por ucranianos sendo o Chefe, russo. Fomos bem recebidos, no início estávamos um tanto receosos, termos técnicos em inglês até então só haviam sido praticados na sala de aula.

    Motor MAK alemão com nove cilindros

    Motor MAK alemão com nove cilindros

    O Chefe nos apresentou todos os equipamentos: o incrível motor MAK, produzido na Alemanha, com nove cilindros, as bombas, separadores, aquecedores, destiladores, equipamentos de segurança e por ai vai. Uma das coisas que notamos é que todas as paredes são revestidas com um material para isolamento de temperatura.

    Painel de controle do AMALTHIA, note os dois idiomas em cada sinal

    Painel de controle do AMALTHIA, note os dois idiomas em cada sinal

    Ficamos impressionados com a organização da praça de máquinas, onde todos os equipamentos ficam dispostos por tipo de uso, por exemplo: o óleo diesel para ser usado passa por três tanques (de armazenamento, de decantação e de serviço), para ir do primeiro para o segundo, existe uma bomba de transferência que se localiza próxima aos tanques, como se espera que seja, e para ir do segundo para o terceiro o óleo tem que passar por filtros e purificadores, que ficam próximos do tanque de destino, também muito fácil de achar.

    Compartimento de CO2 do AMALTHIA, note as paredes revestidas com isolante térmico: todas as salas do navio são assim

    Compartimento de CO2 do AMALTHIA, note as paredes revestidas com isolante térmico: todas as salas do navio são assim

    Terminamos a visita passando pelas salas dos compressores da frigorífica (que mantém conservados os alimentos para consumo durante a viagem), pela sala das ampolas de CO2, que são utilizadas para abafar um eventual incêndio, pela sala do gerador de emergência, que fica separada justamente para que equipamentos essenciais possam continuar a operar numa situação onde a Praça de Máquinas fica inacessível, incêndio ou lançamento de CO2, por exemplo.

    MAERSK VISUAL ao fundo

    MAERSK VISUAL ao fundo

    Saindo do AMALTHIA, fomos para o MAERSK VISUAL, navio com bandeira de Cingapura, também muito novo, construído em apenas 7 meses e colocado em operação em 2005. A tripulação é composta principalmente por filipinos e paquistaneses. Agora mais confortáveis com o inglês, conversamos com a tripulação sobre o regime de embarque, o sistema de contratos da empresa e sobre manobras de emergência. Uma coisa pela qual eles estão de parabéns é a obsessão por segurança. No momento que entramos fomos brifados sobre as saídas de emergência e como proceder caso alguns dos alarmes principais toquem.

    O sistema de alarmes por sinal é quase uma maravilha moderna. Além do sinal auditivo o navio também possui vários pontos com sinais visuais. Isso de certa forma é comum por ser regulamentação, mas o navio diferencia na forma como os sinais visuais são apresentados. Em pilastras estrategicamente espalhadas pela Praça de Máquinas, o sistema utiliza luzes com uma combinação de cores e ícones, que falando parece complicado, mas só de olhar já se entende o que está acontecendo. Durante a explicação a respeito de cada alarme individual nós tomamos conhecimento do que hoje é o que há de mais moderno em combate a incêndio, estamos falando do sistema WATER MIST SYSTEM.

    MAERSK VISUAL

    MAERSK VISUAL

    O Sistema de combate a incêndio por névoa trabalha da seguinte forma: por toda Praça de Máquinas estão espalhados vários sensores de incêndio, alguns detectam fumaça, outros detectam calor e um terceiro grupo detecta chama em espaços abertos. Quando dois sensores quaisquer dispararem juntos, o sistema libera água em uma pressão altíssima, que passa por pulverizadores e saem na forma de gotículas minúsculas. Em contato com as chamas, as gotículas se vaporizam produzindo uma névoa, daí o nome do sistema. Parece simples, mas o sistema é incrível por que essa névoa cria uma barreira isolante, apagando ou reduzindo severamente a intensidade do incêndio. Outra vantagem é que como a névoa é muito fina, ela não danifica equipamentos elétricos, logo pode ser utilizada sem restrição, independente da tensão de consumo do aparelho. Enquanto discutíamos manobras de segurança com os maquinistas de serviço descobrimos que a IMO tornou tal equipamento obrigatório em todos os navios que transportam gás, o que é muito bom para se ter mais uma proteção contra acidentes.

    O Motor do navio utiliza um sistema de injeção eletrônica ultra moderno, a evolução do que nós conhecemos hoje como COMMON RAIL. Cada cilindro recebe combustível de uma bomba própria e cada um possui um mini computador que informa às válvulas o momento correto para abrir e fechar e a hora precisa para o combustível ser injetado. Isso faz com que o motor possa ajustar essas variáveis conforme as leituras de seus sensores, permitindo uma queima extremamente limpa e eficiente que não só sai mais barato, como também consome muito menos dinheiro.

    Como o navio estava realizando uma manobra de descarga de gás butano para o terminal, não fomos autorizados a utilizar nossa câmera na Praça de Máquinas. Segurança em primeiro lugar.

    BOW MASSLLOT

    BOW MASSLLOT

    O terceiro navio pelo qual passamos foi o BOW MASSLLOT, navio da mesma empresa que estamos embarcados (VSHIPS), cuja tripulação foi extremamente atenciosa. Pudemos andar livremente pela Praça de Máquinas realizando perguntas ao 4ENGINEER que tirava nossas dúvidas com prontidão.

    A Praça de Máquinas do BOW MASSLLOT se diferencia por ter um gerador de eixo com um compensador. Durante a viagem o motor principal movimenta o eixo propulsor que possui acoplado a si um conjunto de engrenagens que transfere o movimento a um gerador que mantém todos os equipamentos de bordo funcionando poupando os geradores auxiliares. O compensador entra quando o consumo requerido é maior do que o gerador de eixo pode suportar, ele entra para ajudar o gerador de eixo.

    BOW MASSLLOT

    4th Engineer do BOW MASSLLOT, nos explicou toda a Praça de Máquinas

    Uma coisa notável foi o luxo dessa Praça de Máquinas, a primeira que vimos que incluía um elevador! Painéis digitais espalhados mostravam constantemente várias variáveis como pressão e temperatura dos motores, geração e consumo de energia e até o estado do tratamento do esgoto, que tem que ser processado a bordo para matar todos os micro-organismos antes de ser lançado em alto mar como manda a IMO. O navio possui três caldeiras sendo uma delas de recuperação, que aproveita os gases quentes da descarga do motor para produzir vapor a ser utilizado para vários fins.

    Saindo de bordo a tripulação, muito hospitaleira, nos ofereceu um lanche. Trocamos e-mails e esperamos manter contato com todas as novas amizades que fizemos em um único dia.

    Bom, eu já vou ficar por aqui, afinal tenho que acordar cedo para não perder a próxima desatracação…

    Até lá!

    por Of. Al. Lorenzeto

    Comentários

    1. Lamartine disse:

      Gostei muito do seu comentario, principalmente nos conteúdos ordenados das palavras técnicas, as quais foram muitas passadas pelos nossos ilustres professores. certo de que foste um dos atentos aluno “Parabéns”. Sucesso sempre.