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    Curiosidades » quinta-feira, 22 de novembro de 2012 »
    Navio Escola Alegrete

    Um navio escola é uma embarcação utilizada para instrução de marinharia para diversas academias ou escolas de marinha mercante ou de guerra. Pode tratar-se de uma antiga embarcação, reformada e adaptada para esse fim, ou uma nova, especialmente projetada e construída.

    O navio foi lançado em 1906 com o nome Salamanca pelo estaleiro da Harland & Wolff Ltda. em Belfast (Irlanda do Norte) e encomendado pela HAPAG (Hamburgo) sendo utilizado como cargueiro pelo Império Alemão.

    Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, o navio encontrava-se no porto de Cabedelo (PB), o que levou o governo brasileiro, por determinação do Presidente da República Wenceslau Brás, a retê-lo e posteriormente confiscá-lo (1º de junho de 1917) ao romper relações diplomáticas com o Império Alemão devido ao afundamento de navios brasileiros pela marinha deste país. Neste mesmo ano foi rebatizado de Alegrete, em homenagem á cidade homônima do Rio Grande do Sul. Em 1927 passou a ser operado pelo Lloyd Brasileiro, empresa estatal de navegação brasileira que operava na época e que foi extinta em outubro de 1997. A partir do ano de 1936 passa a ser utilizado como navio escola pela Marinha Mercante Brasileira, percorrendo a costa Leste dos Estados Unidos.

    Em 1942, quando comandado pelo Capitão de Longo-Curso (CLC) Eurico Gomes de Souza, navegava entre as ilhas de Santa Lúcia e São Vicente, no Mar do Caribe, quando o capitão percebeu que estava sendo perseguido por um submarino. O navio foi atingido a bombordo (esquerda) por um torpedo disparado pelo submarino U-156, comandado pelo Capitão-de-Corveta Werner Hartenstein.

    Com o torpedeamento, a praça de máquinas alagou-se rapidamente fazendo com que toda guarnição de máquinas abandonasse-a sem terem tempo de parar a máquina propulsora. O navio, mesmo debilitado, continuou em movimento o que impedia seu abandono. O 3º Oficial de Máquinas Gisélio Alves Bittencourt, a pesar do perigo, heroicamente mergulhou de volta à praça de máquinas até a válvula de vapor e conseguiu fechá-la. Hoje considerado um dos heróis da Marinha Mercante, seu ato de coragem permitiu que a tripulação de 64 homens (não havia passageiros) pudesse evacuar a embarcação e escapar ao ataque subsequente, o navio foi ainda atingido por mais dois torpedos e diversos tiros de canhão, pondo assim o navio a pique.

    As baleeiras (embarcações salva-vidas) vagaram à deriva por quatro dias. Uma chegou a ilha de Trinadad, outra foi resgatada pelo Destroyer classe Wickes USS Tarbell (D-142) da Marinha Americana a terceira e quarta foram encontradas na costa venezuelana.

    Os tripulantes foram resgatados e apesar dos feridos, não houve vítimas fatais. Nesse ano de 2012, completou-se 70 anos do afundamento do Navio Escola Alegrete. O Navio, acima de tudo, era um símbolo da Marinha Mercante Brasileira e seu torpedeamento significou uma perda imensurável a todos os marujos e evidencia o que as palavras do CLC Eurico quiseram dizer: “É mais digno a um marujo morrer com honra a viver escravizado sob o desígnio (…) que manda atacar navios desarmados e mata populações indefesas ¹”.

    1. O BRASIL NA MIRA DE HITLER – Roberto Sander – Ed Objetiva, 2007.

    Obs.: Agradecimento especial ao Mestre e Mercante Marcus Vinicius de Lima Arantes que deixou registrado em seu livro (TORPEDO, O Terror no Atlântico – Ed Livre Expressão, 2012) sua pesquisa sobre os navios mercantes na 2ª Guerra Mundial.

    Al. Antonio Braga

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