A Somália é o país com o maior número de subnutridos do mundo. A fome atingiu cerca de 75% da população, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
A situação do país se agrava devido às constantes guerras civis,seja por política ou por limites territoriais, devido às discutíveis e artificiais fronteiras que dividem o continente africano e à colonização exploratória que o país sofreu ao logo dos anos junto com as disputas da Europa e da União Soviética na década de 60. O país conta também com as catástrofes naturais como secas colossais, que destruíram lavouras inteiras, e tsunamis que mataram milhares de pessoas no litoral.
Sem um governo sólido e bem estruturado com regras e leis para defender seus interesses econômicos, as grandes nações aproveitaram-se dessa situação para poder explorar todos seus recursos naturais, exterminando assim a fauna marítima e incrementando a poluição do seu território e dos mares, com a deposição dos lixos atômicos e tóxicos produzidos pelas grandes multinacionais espalhadas pelo mundo.
Diante desse panorama assombroso surge a figura do pirata, um produto das grandes nações que, com o passar dos anos, vem extorquindo o pequeno país, extraindo tudo quanto é matéria prima possível e deixando seus lixos como “presente”.
O pirata tornou-se o atual grande vilão dos países desenvolvidos, pois acabaram retardando a economia e aumentando o preço do transporte marítimo, devido aos seqüestros e saques aos navios que movimentam as exportações de alimentos, produtos metalúrgicos e muitos outros.
Ao contrário dos piratas dos tempos das grandes navegações, os piratas somalis contam com cerca de 70% da aprovação dos seus atos pelos somalis, a simpatia e até mesmo a proteção das autoridades locais e da população. Localidades miseráveis começaram a melhorar a situação devido ao dinheiro usurpado dos resgates dos navios e tripulações.
De fato um erro não justifica o outro, mas será que os piratas são realmente os vilões como a maioria da imprensa tem divulgado? Talvez se fosse gasto mais dinheiro com ajudas humanitárias em vez da compra de armamentos e da mobilização das Marinhas de Guerra das grandes nações para aquela área, não resolveria a atual crise?
por Adapt. Al. Souza Mattos
25 de fevereiro de 2010 às 22:54
1. A abordagem do autor para o problema da pirataria é, sem dúvida, respeitável. Entretanto, é preciso considerar, especialmente neste que é o Ano do Marítimo, que a pirataria é um dos grandes dramas para a gente do mar, ao lado da criminalização, segundo a prestigiosa Lloyd’s List.
2. O Pelicano poderia ter um perfil no Twitter. Há vários perfis voltados para o transporte marítimo, especialmente no Exterior.
3. Agradeço por vocês continuarem a história da qual fiz parte. Parabéns e felicidades!
28 de fevereiro de 2010 às 12:22
Totalmente satisfatório o modo e a forma do artigo. Se as multinacionais se dão ao direito de lhes tirar a possibilidade de sobrevivência, qual a dúvida com relação ao retorno? Afinal, as grandes nações consideradas “corretas”, tem, todas elas, em seu obituário, o crime de pirataria. Agora a iniciativa privada. Deixando a “privada” na casa dos outros. Portanto, a Somália e seus habitantes miseráveis, estão, agora, fazendo o mesmo que as grandes fizeram na idade bem próxima. Há quinhentos anos atrás. Invasões e pilhagens do mundo hoje conhecido por imagens de satélite. E que a solução seria bem simples. Devolver a dignidade.
Abraços.