É com grande prazer que a equipe do Jornal Pelicano traz mais uma grande entrevista com um dos professores mais experientes do CIAGA, o senhor Nélio Fernandes.
Convidado para lecionar em 2007, ele ministra, atualmente, Legislação Marítima (LEG), Direito Comercial Marítimo (DCM), Direito Trabalhista Marítimo (DTM), Introdução a Marinha Mercante (IMM), Motores de Combustão Interna (MCI) e Máquinas Auxiliares (MAQ). Esta entrevista foi realizada com a intenção de explorar o mundo mercante e demonstrar a infinidade de especializações e graduações que o oficial da Marinha Mercante está capacitado para realizar.
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1- Quanto tempo o senhor ficou embarcado antes de dar aula na EFOMM?
Minha praticagem ocorreu em 1974. Embarquei três anos em Liner Companies – Netumar e Aliança – navegando pela Costa Leste dos Estados Unidos, Canadá e Argentina. Nessa época, o desembarque era anual, geralmente, para férias.
2- Por que decidiu vir pro CIAGA lecionar? Em que outras áreas o senhor atuou?
Atuei em terra na International Business Machines – IBM: nas áreas técnica, gerencial, jurídica e de negócios.
A minha vinda para o CIAGA foi um acontecimento feliz. Em 2007, já aposentado, fiz o ATOM para atender uma proposta de embarque. Então, fui convidado pela nossa Escola para ministrar aulas de Legislação Marítima.
3- Qual a importância de se buscar diferentes graduações, relacionadas ou não a Marinha Mercante, para o aquaviário?
O mundo avança em passos largos. Para acompanhá-lo precisamos expandir nosso campo de atividades com pensamento crítico-reflexivo. A chave para o sucesso profissional é o conhecimento.
4- O senhor já enfrentou muitas situações de risco a bordo? Como o senhor agiu?
A bordo o risco sempre esteve presente. A história da Segunda Guerra Mundial revela um capítulo triste para a Marinha Mercante Brasileira. A Guerra Fria e a Guerra das Estrelas sempre preocuparam. Lembro-me de submarinos emergindo sem qualquer comunicação. Logo, navegar pelo Triângulo das Bermudas e pela Costa dos Estados Unidos requeria, no mínimo, cautela e atenção.
5- Quais os locais que o senhor mais gostou de conhecer quando embarcava?
Conheci vários países no Continente Europeu e Americano. Certamente, esse conjunto de informações, proveniente de culturas diversificadas, foi importante na minha vida profissional. Todavia, a beleza do Brasil é excepcional.
6- Qual a sua opinião em relação às mulheres a bordo?
As mulheres vieram para ficar. Com competência e dedicação o passadiço e a praça de máquinas receberam um toque requintado. Na escola algumas me surpreendem pelo afinco a profissão que escolheram. No momento, para evitarmos evasão, é preciso criar leis específicas para a mulher mercante. O blog mulheresmercantes.blogspot.com.br ratifica essa passagem.
7- O que o senhor acha da grande ascensão das mulheres na Marinha Mercante?
Por um acaso feliz, em visitação a navios mercantes, conheci as duas comandantes da TRANSPETRO: Hildelene e Giovana. Não há palavras para expressar tamanha satisfação. Em breve, teremos muitas mulheres guerreiras.
8- Como o senhor acha que o mercado de trabalho relacionado à Marinha Mercante, vai se comportar nos próximos anos?
Creio que o mercado tende a se ajustar ao cenário financeiro mundial. Desse modo, considerando as riquezas da Amazônia Azul, estamos bem. Contudo, há preocupação na formação dos aquaviários para atender essa demanda futura. Nosso Estado precisa retomar a construção naval dos anos 70, rever a legislação sobre tripulantes estrangeiros e a proteção da navegação de cabotagem voltada para preservar uma frota com registro nacional.
9- Quais as principais mudanças a Marinha Mercante sofreu na última década?
A Marinha Mercante Brasileira está reconquistando o seu lugar no comércio marítimo mundial. O valor e o volume de cargas transportadas mundialmente pelo mar supera qualquer outro meio de transporte, o que valida ser esse um segmento estratégico para a nossa economia. Assim, desde 2003, a Marinha Mercante vem crescendo de forma progressiva e célere. Portanto, bons ventos estão presentes.
10- Para finalizar, quais dicas o senhor daria pra quem está ingressando na carreira da Marinha Mercante?
O jovem discente mercante deve buscar o conhecimento desse novo mundo com firmeza e devoção. Incorporar a legislação marítima nacional e internacional revelam vultosas oportunidades de trabalho. Curtam esse momento na escola com alegria e responsabilidade. Jamais esqueçam que ao entrar para Marinha Mercante você se tornou o herói da sua família.
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