Nesta terça-feira, dia 5, o Estaleiro do Báltico, localizado em em São Petersburgo (Rússia), iniciou a construção daquele que será o maior navio quebra-gelo do mundo. A embarcação encomendada, com capacidade de 60 MW, de 173,3 metros de comprimento e 34 metros de largura, será capaz de deslocar 33.540 toneladas de água. Mas até 2015, quando será entregue, o título permanecerá com o quebra-gelo russo 50 Let Pobedy (“50 Years of Victory”, ou mesmo 50 Anos da Vitória, em homenagem às batalhas vencidas contra os alemães na Segunda Guerra Mundial), de 159,6 metros de comprimento e cuja capacidade é de 23.439 toneladas.
Navegando sobre pedra
Os navios quebra-gelo são utilizados para abrir rotas em zonas polares do globo, onde o gelo que recobre a água não permitiria que embarcações de estrutura convencional navegassem. Por isso, suas adaptações responsáveis por garantir o avanço incluem uma proa de modelagem semelhante a uma “rampa invertida” (a tradução do inglês, “spoon-shaped bow”, remete à forma de uma colher), que impele a embarcação por sobre as camadas sólidas fazendo com que o próprio peso do navio, a determinada altura, rompa a resistência do gelo. O restante do casco possui um formato que ajuda a afastar os pedaços quebrados para que não entrem em partes importantes da embarcação, como os componentes da propulsão.
Nos anos de Guerra Fria, os quebra-gelo russos ganharam geradores nucleares, sendo também uma forma de demonstrar o poderio tecnológico soviético. A propulsão nuclear é uma grande vantagem, pois, caso fossem empregados motores a diesel, seriam necessárias mais de 100 toneladas de combustível por dia em comparação ao modesto quilo diário de urânio enriquecido que movimenta esses navios.
50 Let Pobedy é uma embarcação da classe Arktika, de casco duplo e duplo fundo. A chapa de seu casco externo possui 48 mm de espessura na proa e 25 mm nas outras seções que não exigem um esforço tão grande. Há ainda um sistema de pressurização pneumático, capaz de facilitar a ruptura do gelo com jatos de água impulsionados a 24 m³/s, lançados 9 m abaixo da linha d’água. Assim, a embarcação consegue atravessar camadas de gelo de até 2,8 metros de espessura, absolutamente rígidas.
A figura ao lado é um comparativo dos grandes navios quebra-gelo do mundo. A Rússia destaca-se notadamente dentre os demais, o que é mais que justificável considerando-se a importância desses navios para o país através dos mares. Além de auxiliar a navegação nos mares da Sibéria, tais embarcações deixam o caminho desimpedido para expedições e projetos da indústria de petróleo no Oceano Ártico, lugar que abriga uma das maiores quantidades do óleo encontradas no planeta.
“O desenvolvimento do Ártico está diretamente relacionado com a implementação de objetivos de longo prazo do desenvolvimento econômico do país, da sua segurança energética e da competitividade no mercado global”, afirmou o ministro da Defesa russo, general Serguei Shoigu. A Rússia já pretende criar uma unidade de navios de patrulha quebra-gelo.
Uma curiosidade é que os navios quebra-gelo vêm sendo utilizados também para o transporte de passageiros em “cruzeiros polares”. A empresa americana Quark Expeditions oferece a 128 passageiros, por a partir de 22 mil e setecentos dólares, uma viagem de 15 dias a bordo do 50 Let Pobedy. Outra opção é o passeio local no Golfo de Bothnia no quebra-gelo Sampo, finlandês.
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